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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Creatina como suplemento ergogênico


A identificação da creatina ocorreu por meio do cientista francês Michel Chevreu, em 1835, quando relatou ter identificado um constituinte orgânico nas carnes de fundamental importância. Este constituinte foi então batizado de creatina e devido problemas técnicos, apenas em 1847 o cientista, Justus Liebig, conseguiu confirmar a presença da creatina como um constituinte regular das carnes. Segundo Liebig a carne de raposas selvagens que sobreviviam da caça, continha 10 vezes mais creatina em comparação às raposas em cativeiro, concluindo que o trabalho muscular exercido pelas raposas selvagens resultaria em maior acúmulo da creatina em comparação as raposas de cativeiro.
Posteriormente, os pesquisadores Heitz e Pettenkoffer descobriram um metabólito na urina, que mais tarde foi identificada por Liebig como creatinina, um subproduto da creatin. Por volta dos anos 60 se iniciou a produção de creatina sintética, que foi usada por atletas ingleses nas olimpíadas de 1992. Nos Jogos Olímpicos de 1996 a maioria dos atletas já faziam uso da creatina como suplemento ergogênico . As formas sintéticas de creatina utilizadas são a creatina fosfato, o citrato de creatina e a creatina monoidratada, sendo essa última a mais utilizada pelos atletas e praticantes de atividade física. A creatina é um nutriente, encontrado em alimentos de origem animal, sendo a carne vermelha e peixes sua principal fonte, e também é sintetizada endogenamente no fígado, pâncreas e rins, a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina. A creatina quando fosforilada é uma grande reserva de energia que ajuda na regeneração de ATP, tendo uma grande importância na qualidade da contração muscular, aumentando a oferta de energia. A creatina orgânica quando produzida endogenamente, é sintetizada a partir de um conjunto de aminoácidos, ou exogenamente sendo obtida diretamente dos alimentos.
Ela é utilizada como suplemento ergogênico desde os anos 60, mas com o avanço de estudos científicos, as indústrias de suplementação passaram a explorar muito esse campo tornando-a mais atrativa e utilizada por atletas e praticantes de atividade física das mais variadas modalidades esportivas. A creatina é mais indicada aos atletas e praticantes de atividade física de alta intensidade e curta duração.
A creatina orgânica tem duas fontes, a síntese pelo próprio organismo, a partir de aminoácidos, e pela ingestão alimentar.
Nos alimentos, a creatina é encontrada em maior quantidade nas carnes vermelhas e carne de peixes, com a seguinte variação: arenque - 5,0 g/kg, carne suína – 5,0 g/kg, carne bovina - 4,5 g/kg, salmão - 4,5 g/kg, atum - 4,0 g/kg, bacalhau - 3,0 g/kg e linguado - 2,0 g/kg.
Encontra-se também em outros alimentos, porém, em quantidades muito pequenas. O pool orgânico desta substância encontra-se localizado quase na sua totalidade na musculatura esquelética e sua regeneração após um exercício intenso é um processo que depende da via oxidativa.
A creatina fosforilada também é utilizada durante o trabalho anaeróbio intermediário, de 15 segundos até alguns minutos, quando sua ação vai ajudar no tamponamento do meio ácido intracelular, causado pelo acúmulo de lactato, retardando assim o aparecimento da fadiga. Maior quantidade de creatina fosfato na célula muscular significa uma maior capacidade de tamponamento, e assim, um maior tempo de resistência à fadiga. O ciclo da creatina chega ao fim quando ela é convertida em creatinina, por uma reação contínua e irreversível de desidratação, não enzimática que ocorre nos rins, sendo excretada através da urina. A quantidade de creatinina reciclada e eliminada é constante de um dia para outro, e é produzida em proporção à massa muscular de um indivíduo. Quanto mais massa magra um indivíduo tem, mais creatinina será excretada e em um estado de intenso catabolismo essa excreção poderá ser aumentada. A creatina pode ser eliminada na forma de creatina intacta ou com seu próprio metabolito, a creatinina. A obtenção endógena diária de creatina é de aproximadamente 2g em um homem de 70 kg, enquanto a ingestão média corresponde a 1 g/dia. Existem alguns protocolos que são utilizados para a suplementação de creatina como recurso ergogênico. Um deles faz a suplementação apenas da fase de saturação ou fase de sobrecarga, usando de 20 a 30g/dia de creatina, de 4 a 7 dias, alternado co  m uma pausa de 28 dias. Outro protocolo utiliza 0,3g/kg de peso por dia de suplementação de creatina, outro utiliza a ingestão de 3g de creatina por dia durante 40 dias consecutivo com intervalo de 30 dias para voltar a ingestão.
O turnover diário de creatina é de aproximadamente 2g em um homem de 70 kg, enquanto a ingestão média corresponde a 1 g/dia. A concentração plasmática de creatina é menor do que a concentração muscular. As várias referências de suplementação com creatina, tem mostrado a possibilidade de aumentar a concentração orgânica deste composto em 10 a 20%, embora alguns estudos tenham evidenciado acréscimo de até 50% em seus níveis totais, após a suplementação em indivíduos não vegetarianos e de até 60% em indivíduos vegetarianos. Existem várias referências comprovando o efeito ergogênico da suplementação de creatina na potência anaeróbica, ou seja em atividades com intervalos, de alta intensidade e de curta duração. Estudos recentes têm demonstrado a importância que a suplementação de creatina pode ter também em pacientes com tolerância à glicose, prejuízos neuromusculares e doenças crônico-degenerativas. Podemos concluir que a creatina quando utilizada de forma correta, aumenta a força e a hipertrofia muscular de forma segura.

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