Nutricionista Esportivo

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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Os aminoacidos e a imunidade

Resultado de imagem para aminoacidosDos nove aminoácidos nutricionalmente classificados como essenciais, três são os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), a L-valina, L-leucina e L-isoleucina. Os aminoácidos estão presentes principalmente nos alimentos ricos em proteínas como as carnes, aves, peixes, ovos, leite e queijos, que podem conter, em média, de 15 a 20 gramas de BCAA por 100 g de proteína . Os BCAA's são predominantemente metabolizados no músculo esquelético, o que significa que eles "escapam" do metabolismo do fígado e após sua ingestão, eles aumentam rapidamente a sua concentração no plasma. Embora o fígado não possa metabolizar diretamente o BCAA, esse tecido tem um sistema ativo para a degradação dos metabolitos dos BCAA's, os ceto ácidos, por meio da enzima desidrogenase, que contribue para a gliconeogênese.O stress oxidativo pode ser um dos fatores entre a resposta inflamatória crónica e a perda de massa muscular esquelética, o que pode ter um impacto negativo nos macrófagos e  na função dos neutrófilos, bem como na proliferação de linfócitos (células de defesa do organismo). As células do músculo esquelético têm uma elevada atividade de transaminases de BCAA e L-glutamina sintetase, enzima chave na síntese de L-glutamina e outros aminoácidos intermediários. Quando o BCAA está presente no meio de cultura, a capacidade de proliferação de linfócitos é aumentada, no entanto, esta provavelmente reflete uma incapacidade para sintetizar aminoácidos e proteínas necessárias para a proliferação, o que reforça o papel importante do músculo esquelético na regulação imunológica. Estudos em animais e seres humanos em situações catabólicas, tais como na infecção ou desnutrição, os BCAA's são cruciais para a manutenção da função imunológica. No entanto, em situações catabólicas, tais como em atletas de elite envolvidos em uma competição de resistência, os efeitos da administração de BCAA ainda não é clara. Quando uma grande quantidade de proteína é consumida, uma abundância de BCAA fica disponível para os requisitos metabólicos e de imunidade (fontes de proteína de alta qualidade variam de cerca de 18-26% de BCAA).Em um estudo, a suplementação aguda e crónica de BCAA (cerca de 6 g / dia) para atletas de resistência resultou na atenuação da queda na concentração de de L-glutamina no plasma, e também modificou a supressão imunitária promovida pelo exercício. Uma vez estimulada através da suplementação de BCAA, a absorção de L-leucina celular pode aumentar a síntese e a disponibilidade de L-glutamina, fornecendo glutamato no ambiente intracelular. Assim, acredita-se que os efeitos imunológicos do BCAA pode ser dependentes do metabolismo de L-glutamina nos tecidos, tais como o músculo esquelético. Na verdade, em situações de hipercatabólismo, como na queimadura, septicemia e desnutrição, a administração BCAA pode modular a inflamação através da via da L-glutamina. No entanto, considerando os efeitos do exercício, esta via merece algumas considerações. Quando linfócitos são mantidos in vitro em um baixo nível de L-glutamina, idêntico a menor concentração no plasma de L-glutamina  medida pós-exercício, essas células desempenham igualmente bem, tal como quando a L-glutamina é adicionada numa concentração mais elevada semelhante a o nível plasmático de repouso. Entretanto, os efeitos do BCAA em relação à função imunológica, nos praticantes de atividade física ou em atletas, pode ocorrer independentemente da síntese de L-glutamina.Alguns estudos têm relatado que a administração BCAA pode atenuar a resposta inflamatória mais elevada e a dor muscular induzida pelo exercício intenso. Antes de um treino de resistência de agachamento, a suplementação de BCAA (100 mg / kg de peso corporal) foi capaz de reduzir a dor muscular de início. Este efeito é devido à oxidação de BCAA nos tecidos. O fornecimento de BCAA e sua oxidação, pode inibir a atividade da enzima piruvato-desidrogenase, um regulador chave entre a glicólise e o ciclo do ácido cítrico, um mecanismo que favorece o desvio de piruvato para a formação de L-alanina, que age como um precursor no fígado da gliconeogênese. Em estudos com animais, a suplementação crônica de BCAA promoveu uma síntese de glicogênio hepático e muscular superior, mesmo depois de um teste de exercício exaustivo. A L-leucina melhora a síntese de proteínas (construção muscular) por meio da estimulação da via mTOR, e proteínas relacionadas com cálcio, mas não durante a atividade e sim após o exercício. Este efeito pode limitar a ativação excessiva de NF-kB, atenuando a inflamação e os seus efeitos, inclusive a dor muscular tardia.Um outro mecanismo possível da proteção do BCAA pode ser mediada através do sistema antioxidante. Foi demonstrado que a suplementação de BCAA aumentou a expressão de genes envolvidos na defesa antioxidante, como superóxido dismutase  e a catalase e a glutationa peroxidase em ratos de meia idade ativos. Além disso, o mesmo trabalho relatou reduções de estresse oxidativo no músculo cardíaco e esquelético. Isto nos leva a crer que o equilíbrio do processo de redução oxidativa, pode ser um alvo para os potenciais benefícios promovidos pela administração BCAA. Na verdade, os BCAA's e juntamente com outros aminoácidos contendo enxofre, como a L-taurina, atenuou a dor muscular  tardia e o dano muscular induzido pelo exercício.
Sem dúvida, os aminoácidos exercem papéis fundamentais no nosso organismo, desde uma ação em nossa imunidade, em processos antioxidantes até o anabolismo muscular. Esses aminoácidos estão presentes nos alimentos e suplementos alimentares. Procure um nutricionista antes de iniciar uma suplementação. Foco na dieta e no treino!

Fonte: Amino acid supplementation and impact on imune function in the context of exercise. Cruzat, Krause and Newsholme, 2014.




terça-feira, 24 de março de 2015

Os efeitos de uma dieta hiperproteica na composição corporal


O estudo de Jose Antonio e seus colaboradores de 2014, mostrou o que acontece na composição corporal de indivíduos que fazem exercícios de resistência (musculação) e possuem uma dieta hiperproteica com consumo de até 5 vezes a recomendação de ingestão de proteínas por dia. 

A proteína é o macronutriente mais importante quando o assunto é alteração positiva na composição corporal. Aqui no Brasil e nos EUA a recomendação de ingestão de proteínas para adultos gira em torno de 0,8 a 1g de proteína /kg/dia. Uma dieta para pessoas ativas deve girar em torno de 1,2 a 2g de proteína /kg/dia. Já de acordo com a Sociedade internacional de nutrição esportiva são necessários de 1,4 a 2g de proteína /kg/dia para pessoas ativas. Portanto, uma alta ingestão de proteínas seria algo acima 2g de proteína /kg/dia.

Um estudo recente comparou dietas de baixa, normal e alta ingestão de proteínas . No entanto, o grupo da proteína não teve uma alta ingestão de proteína. Eles consumiram uma média de 1,8 g /kg /dia de proteína, essa ingestão em comparação com a população sedentária, não foi alta. 

Nesse estudo feito por Jose Antonio, o grupo controle consumiu em torno de 0,4g a 1g/kg/dia de proteína e o outro grupo consumiu em  média 4,4 g /kg /dia de proteína, que é mais de cinco vezes a dose diária recomendada

Certamente, a superalimentação, em geral, vai promover o aumento de peso corporal e ganho de massa gorda. Além disso, a composição das refeições durante essas dietas irá afetar diferentemente a composição corporal. Duas semanas de uma dieta de alta ingestão de doces contra uma alta de amendoins, mostrou que a circunferência da cintura aumentou apenas no grupo de doces, apesar do aumento da ingestão calórica ser idêntica. Isto sugere que a alta ingestão de alimentos ricos em açúcar representara aumento de gordura corporal, em contraste com o consumo de um alimento natural composto de gordura e carboidratos não industrializados. 

A conclusão foi a seguinte, em indivíduos praticantes de musculação, uma dieta rica em proteínas não contribuiu para um ganho de massa gorda. Além disso, não houve alteração no peso corporal ou na massa corporal magra. Isso está em contraste com outros estudos que mostraram ganhos no peso corporal com dietas em que houve a superalimentação. Seria interessante verificar se uma dieta hiperproteica associado a um regime de treinamento de musculação pesado afetaria a composição corporal (ou seja, aumentaria a massa magra e diminuiria a massa gorda).

Outra coisa a salientar é que no estudo não foi medido os índices sanguineos para determinar quaisquer efeitos secundários, (ou seja, renal ou hepática ou alteração no colesterol) devido a alta ingestão de proteínas. Poucos indivíduos se queixaram de problemas gastrointestinais, bem como o sentimento de calor (ou seja, temperatura corporal elevada). 

Resumindo, se por um lado o estudo mostrou que não houve ganho de gordura com o excesso de proteína, também não houve ganho de massa magra. Então, não adianta se entupir de proteína achando que isso vai ser melhor. Mais uma vez é comprovado que o certo é uma dieta equilibrada com um treino adequado e dentro das necessidades individuais de cada um. Use sempre a ciência e  o bom senso a seu favor. Bons treinos!